1- Quando tiveste o primeiro contacto com a fotografia?
R: Eu sou alguém muito ligado às Artes e a fotografia sempre me chamou atenção pela sua capacidade ímpar de perpetuar os momentos, pela força com que consegue fazer chegar a sua mensagem as pessoas.
2- Como surgiu a ideia de criar o projecto Kharmadelic Photography?
R: A Kharmadelic começou a muitos anos atrás quando não saia de casa sem a pequena máquina digital (que ainda tenho) inclusive para as festas em que ia, mas oficialmente digamos que começou a convite da minha querida Lucy Silva da Space Music Drops em 2014 quando está me propôs fazer a cobertura da segunda edição da Infected Guitars; nesse momento tive o primeiro pensamento em levar esta paixão mais a sério. Comprei então a minha primeira máquina mais avançada, o nome já o tinha a muito pensado e assim nasceu a Kharmadelic Photography
3- Como descreves o teu estilo fotográfico?
R: É difícil definir o que será o meu estilo de fotografia uma vez que com a experiência, com a aquisição de mais material que na fotografia tem um papel preponderante na qualidade final do trabalho e claro na formação que tem sido uma aposta pessoal desde o inicio ele vai mudando , mais que estilo de fotografia eu quis deixar bem patente a identidade deste projecto que passa pelo sublinhar das cores, os contrastes fortes e acima de tudo explorar a edição algo que sempre me deu um especial prazer fazer.
4- O que veio primeiro a fotografia ou a música electrónica?
R: Em termos de paixão a música electrónica foi algo que entrou na minha vida aos 16 anos passando a assumir uma parte significativa dela, a fotografia embora sempre me tivesse despertado muito interesse não ocupava assim tanto do meu tempo uma vez que desde cedo entreguei esta minha necessidade constante de criação noutras artes como a escrita e o teatro.
5- Tu trabalhas nas grandes festas e festivais em Portugal, deves ter registado vários momentos marcantes em cada um deles. Podes dividir connosco algum desses momentos?
R: Felizmente nestes quase 3 anos são muitos os momentos que jamais esquecerei desde logo a primeira vez que subi ao palco para fotografar e a emoção tomou literalmente conta de mim, marcante sem dúvida trabalhar ao lado de "monstros sagrados" que cresci a ouvir e a admirar como Sun Project, Skazi, Space Tribe, Astral Projection, Man with no Name, Talamasca e Astrix refiro os mais "velhinhos" pois eram deles as primeiras malhas que ouvi de trance e logo tem outro significado anos depois poder dividir um palco com eles. A primeira vez que fotografei o Insomnia Festival em 2015 nunca esquecerei aquela sensação imensa de ver tanta gente, tanta energia e tanta vibração a minha frente. Recordarei para sempre a Magic Union de 2016 pelo feedback tremendo que esse trabalho teve no público e o alcance que teve ainda hoje é dos álbuns mais apreciados e comentados nas redes sociais da Kharmadelic.
Parte do alimento desta minha paixão são mesmo momentos como estes.
6- Consegues curtir nos eventos em que participas ou estás lá apenas por trabalho?
R: Ouvir música principalmente o estilo musical que mais gostas e te identificas é sempre na minha opinião estar a curtir mas para alguém que a tantos anos semanalmente estive do outro lado sem obrigações profissionais das quais não abro mão sempre que faço uma cobertura de um evento não é claro a mesma coisa e confesso que as vezes só me apetece pousar a máquina e viajar com a música como sempre fiz.
Felizmente trabalho nos mais significativos eventos deste estilo musical em Portugal por isso aproveito o Boom ou o ZNA para tirar férias e dedicar-me apenas a música e aos amigos que são dois bens superiores na minha existência.
7- Quais os maiores desafios da tua profissão na cena em que estás inserido?
R: O maior desafio de qualquer profissional em qualquer área tem que ser a melhoria da qualidade do seu trabalho e na fotografia não é diferente. Fotografar este tipo de eventos é por si só um enorme desafio uma vez que estas a fotografar num ambiente de luz artificial inconstante e que tu não tens qualquer tipo de controlo sobre a mesma, os lasers e os imensos fossos de luz são um desafio muito difícil que te retira por vezes a capacidade de pores em prática conhecimentos e tecnicas fotográficas e também é acima de tudo um trabalho cansativo principalmente os grandes eventos outdoor com mais de 20h de música em que embora nunca me tivesse sido cobrado nem pedido por nenhuma organização com quem trabalho ou trabalhei sempre foi algo que faço questão de fazer para ter uma cobertura completa em que todos os artistas e momentos tem um registo, quando criei a Kharmadelic tentei identificar aquelas que eram para mim as coisas novas que poderia trazer com o meu trabalho e uma delas foi ter um vídeo de cada artista com o som gravado no momento para que se sinta a vibração do público sem edições até porque não tenho qualquer formação na área e esse factor também se torna mais um desafio e mais uma das muitas tarefas que me proponho num evento. Eu adoro desafios também são eles que mantém esta vontade e este nervoso miudinho que sinto cada vez que vou fotografar.
8- Os teus trabalhos costumam ser partilhados nas mais variadas páginas nas redes sociais. Já viste algum dos teus trabalhos serem usados indevidamente por terceiros, como em material promocional sem autorização? Como lidas com isso dos direitos reservados vivendo nesta era da internet?
R: Sim enumeras vezes, tenho aprendido a lidar com isso da forma mais saudável possível mas acho que respeito pelo trabalho dos outros é algo que qualquer profissional deveria ter.
Devemos ter em conta que no que concerne a Internet direitos autorais e privacidade são cada vez mais conceitos que não se conjugam mesmo, desde o momento que públicas uma foto ou expões algo isso automáticamente deixa de estar sob o teu controlo.
9- Conta-nos quais são os teus objectivos para o futuro?
R: Explorar o outros tipos de trabalhos na área da fotografia e principalmente viajar muito para fotografar variados sítios que a muito idealizo.
10- Onde vais buscar a inspiração necessária para criar o teu trabalho?
R: A inspiração na fotografia é algo que acontece no momento perante as circunstâncias que te são postas no caso particular também vejo trabalho dos mais variados fotógrafos da área pois a inspiração também é a procura de uma visão o mais rica e completa possível.
11- Que balanço fazes do panorama actual do trance nacional? O que achas que poderia mudar (no sentido de melhorar o trance em Portugal) ?
R: Tem coisas muito boas como o número de artistas internacionais que se fazem deslocar cá durante todo ano o que em comparação a altura em que comecei a frequentar festas de trance é algo francamente positivo no entanto acho que por vezes isso no panorama nacional acaba também por ser um problema uma vez que existem cada vez mais eventos marcados na mesma data e a pouca distância criando cada vez mais episódios lamentáveis. Sinto também que por vezes o nosso público não tem na música o principal motivo da sua ida a um evento o que gera fenómenos de exageros, criminalidade e alguma falta de cultura musical.
Acima de tudo na minha opinião as melhorias passam pelo respeito quer ao nível das organizações e artistas no planeamento de eventos e actuações quer por parte do público no que que se refere ao respeito mútuo e o meio ambiente.
12- Alguma vez estiveste numa situação embaraçosa ou engraçada enquanto fotógrafo?
R: Engraçadas sim algumas e na altura de ver as fotos e vídeos para a pós produção tenho alguns momentos engraçados.
13- Que tipo de preparação tu fazes antes de fotografar?
R: Mentalizar-me que vou lá a trabalho e não me posso deixar levar e também ir calmo, relaxado e paciente. Basicamente é isso.
14- Vamos finalizar com uma mensagem para os teus seguidores.
R: A eles deixo a minha gratidão eterna por serem o grande motor que alimenta o meu sonho. Nunca nem na mais ébria das minhas expectativas imaginei que em menos de 3 anos iria estar a trabalhar com as mais importantes organizações e nos mais emblemáticos eventos do panorama psicadélico nacional muito menos no alcance que este projecto tem hoje nas redes sociais e isso deve-se fundamentalmente ao carinho e apoio que sempre recebi por parte do público, ainda me emociona cada vez que alguém se dirige a mim num evento mostrando o seu apreço pelo que faço. Sou alguem para quem os sentimentos e as emoções são o mais importante elixir de uma vida por isso a vocês a minha maior gratidão. E a ti meu caro Pedro pelo trabalho desenvolvido por ti neste grupo e pela oportunidade de falar um pouco de duas coisas que amo e que ocupam muito da minha vida também a minha gratidão.
Sejam muito felizes Amantes.
OBRIGADO NUNO CARVALHO