1- Antes de mais, há quantos anos és Dj? E sempre dentro deste género musical?
R: “A produção de música eletrónica, comecei em 1996 com vários amigos. Não importava que estivéssemos em psytrance, principalmente Goa Trance, começamos com o chamado happy hard rave e acid trance, influenciado por projetos como Dune, Awex, Empirio, Kai Tracid, Ayla, Art Of Noise, Mark & Spoon etc. e assim por diante, pois esse foi o nosso primeiro toque com um som orientado para rave. Quanto ao dark, isso aparece muito mais tarde na minha produção, quando eu comecei com o projeto de trance dark progressivo chamado OPSY em 2006. Mas não importa, atmosferas dark estavam muito presentes na música composta anteriormente. Atualmente, estou a trabalhar em tantos géneros e estilos diferentes, mas sim, estou a experimentar com vários sons desde o primeiro começo.”
2- E qual foi o teu primeiro lançamento?
R: “O primeiro lançamento oficial foi com o projeto X-Raything e a música Back With Us no Sound Galaxy da Technokratia, acredito que em 1999. O primeiro lançamento oficial do projeto Goasia foi I am Ready em 2005, na primeira compilação da Suntrip, se não me engano, e com Opsy, com o primeiro single nos registos do Divine Balance, com o single Spirit Collector.”
3- Quando o mundo do psytrance aparece nas nossas vidas, generalizando, arrebata-nos e vai crescendo em nós. Recordas-te de como esta música/mundo chegou à tua vida? E quantos anos tinhas?
R: “Falando em música eletrónica, já está presente na minha vida desde que nasci, porque sempre fui exposto à influência do meu pai que era um filho do Kraftwerk. Igualmente, a música de fundo da TV era quase sempre instrumentais dos Vangelis, JMJ, Tangerine Dreams, e assim por diante. Por volta de 1993 ou 1994, Epirion apareceu na estação de rádio que eu estava a ouvir e fiquei instantaneamente viciado a um nível diferente, o que significava que eu estava interessado em mais do que apenas ouvir. Eu estava interessado em como foi criado.”
4- No que toca à produção, dedicas-te todos os dias a fazer música? Quanto tempo, geralmente, demoras a criar um som completo?
R: “Hoje, fazer música não é mais um trabalho diário, pois tenho muito mais obrigações que acompanham a vida e, é claro, esse processo faz com que as faixas levem mais tempo a ser criadas. No entanto, não consigo definir o processo de criação com o tempo, porque às vezes consigo concluir a raiz de uma música muito rapidamente, mas levar um tempo super longo para criar som e gravar tudo em uma única peça final. Se eu te disser que uma semana chega, eu iria estar a mentir, bem como se te disser apenas 100 horas ou algo assim. O que posso dizer é que posso começar com a faixa em 2005 por uma questão de conversa e finalizá-la após 5, 6, 7 anos. Acho que a minha maneira de fazer e compor músicas não segue os padrões modernos e também não consigo cumprir prazos, por exemplo. Talvez seja por isso que não tenho tantos lançamentos :)"
5- Os artistas de psytrance possuem influências de outros géneros musicais. O que te inspira fora do universo eletrónico? Que outras formas de arte fazem parte do teu processo criativo?
R: “Tudo pode desencadear o meu cérebro em direção a ideias para uma música. Literalmente qualquer coisa. Uma vez tive uma ideia enquanto conduzia o meu carro. Adivinha? Faixa ainda inacabada. Quando me ocorre, eu só preciso "escrever", o desenvolvimento chega a qualquer momento."
6- Quando pões os headphones ou estás no carro, qual é o artista/set/música que ouves mais?
R: “O meu background musical vem de vários tipos de música. Eu ouço tudo o que considero boa música. Se isso pode facilitar a resposta, neste momento eu tenho no telefone Zibra, The Chemical Brothers, Alestorm, Cyantist, LMNC, Hurts, Utilizer, Hoogshagenii, Vitalic, Iron Maiden, Nightwish, Gesaffelstein, The Prodigy, Abakus, The Weeknd, MWNN, e algumas demos de colegas, artistas etc... Então parece que ouço um pouco de tudo. :)”
7- De contactos como artistas, produtoras, organizadores e outros, existem sempre alguns que tornam mais importantes, amigos ou mentores, gostarias de referir alguns?
R: "Não, porque não me quero colocar em posição de separar alguém de cada parte importante da minha jornada; caso contrário, precisaria de horas para explicar quem é quem e porquê. Além disso, as pessoas tendem a ter praticamente a impressão errada, pois sejamos realistas, mencionar alguns produtores excluindo outros, pode ser facilmente mal interpretado. Acredito que o conteúdo das minhas páginas, perfis, portais e webs fala por si só. ”
8- Quando estás em palco, quais são as emoções e pensamentos que mais tens presentes?
R: “Antes de tudo, devo dizer, esse momento é a melhor parte de todas as jornadas e basicamente subordino tudo a isso. Às vezes, pode ser um período muito difícil, mas, felizmente, é pura diversão principalmente. Sentimentos e emoções são duas vias que se juntam, então isso é normal. No entanto, e falando por mim, nunca senti uma troca de energia tão intensa, como quando estou no palco a interagir com a multidão. Seria melhor se o orçamento permitisse construções de palco central, para que possas estar no meio do “mar” que tanto te leva. Eu poderia dizer coisas delicadas sobre esse assunto, mas esse é outro tipo de entrevista :)"
9- Se pudesses escolher qualquer lugar no mundo para tocar, onde seria?
R: “A linda natureza e um ótimo sistema de som são o meu lugar, em qualquer lugar do mundo. Mas, para o bem desta conversa, vou escolher qualquer local sob a Aurora Boreal!”
10- Tens algum próximo passo pensado para o teu projeto? O que se segue?
R: “O lançamento do álbum Goasia com meu parceiro de projeto Balint Tihamer, publicar alguns singles de Opsy e Kanc Cover, concluir alguns projetos experimentais que tentei ver como funcionam e continuo a trabalhar em algumas músicas que não têm nada a ver com a cena do transe em geral.”
11- Tens muitas músicas que nunca lançaste? Qual é o motivo principal?
R: “Não, eu não tenho. A maioria das faixas está por aí. Só tenho muitos inacabados, e a razão é... bem, eles estão inacabados. :P"
12- Possuis alguma rotina/ritual mesmo antes de uma atuação?
R: “Caros artistas, esta é a sua música falando. Por favor, permaneça com o cinto de segurança no palco porque o medo pode ocorrer a qualquer momento”, é uma frase que me passa pela cabeça quase todas as vezes que subo ao palco. Então, inspire, expire e vá! :D"
13- Tens algum conselho para os artistas de trance em ascensão?
R: “Se és muito ansioso, faz outra coisa ☺ Tou a brincar…. Ou não ahaha! Mas seriamente falando, não é tão bom quanto aparenta ser. Prepara toneladas de nervos e dinheiro para gastar, e aproveita a jornada ;). E claro, aprecia fortemente o que estás a fazer, para ser assim apreciado pelas outras pessoas por aí.”
14- Gostarias de colaborar com algum artista em especial? Porquê?
R: “Colaboro com artistas que gosto. Nem o tempo nem o momento permitem que colabores com todos da tua "lista". Mas é o suficiente para eu conhecer alguns deles e ter boas conversas. Isso também é uma colaboração para a minha alma, o que também é super importante. :D"
15- Obrigado por te juntares a nós nesta entrevista! Queres deixar algumas palavras à comunidade psytrance portuguesa antes de terminarmos?
R: “Muito obrigado por me terem em mente para esta conversa agradável. Eu realmente gostei. Usarei esta oportunidade para agradecer imenso às raves portuguesas, por respeitarem e valorizarem a raiz do psytrance, Goa Trance, num nível muito maduro e impressionante. Obrigado por isso <3 "
Entrevista por Ana Filipa Santos
Foto de Magu Sumita
Interview Kanc Cover from Goasia and Opsy
1- Before everything, how long do you produce? Was it always psytrance? Was it always dark trance? Or did you already have another style inside psy trance?
A: “With electronic music production I started back in 1996 with several friends. No matter we were into psytrance, mainly Goa Trance, we started with so called happy hard core rave and acid trance, influenced by projects like Dune, Awex, Empirio, Kai Tracid, Ayla, Art Of Noise, Mark & Spoon, and so on and so on, as those were our first touch with rave oriented sound. As for dark sound in trance, that shows up way later in my production, when I started with dark progressive trance project called OPSY back in 2006. But no matter of that, darkish atmospheres were present a lot within composed music from earlier days. Nowadays I am working on so many different genres and styles, but yes, I am experimenting and flirting with various sound from the very first beginning.”
2- And what was your first release?
A: “Official first release was with X-Raything project and song “Back With Us” on Sound Galaxy by Technokratia. back in 1999 I believe. Goasia project first official release was “I am Ready” back in 2005 on Suntrip’s first compilation if I’m not mistaken, and with Opsy with first single on Divine Balance records with “Spirit Collector” single.”
3- The world of psytrance can show up in our lives and grow in ourselves. Do you remember how this music/world came into your life?
A: “Speaking of electronic music, it was in my life since my birth as I was always exposed to my father's influence and he was a Kraftwerk child. Also background music on TV was mostly instrumentals from Vangelis, JMJ, Tangerine Dreams and so on, and then somewhere 1993 or 1994, Epirion - Narcotic Influence appear on radio station I was listening and I was instantly hooked at different level, meaning that I was interested in more then just to listen. I was into how it was created.”
4- When it comes to production, do you dedicate yourself every day to making music? Can you tell us how long does it usually take to create a complete sound / track?
A: “Today, making music is not every day job anymore as I have way more obligation that comes with life, and of course that process makes for tracks to be created a longer time. However, I can not define the process of creation with time, because I can complete a root of a song very quickly sometimes, but to take a super long amount of time to build sound and record everything into one whole final piece. If I tell you one week i’d lie, as much as if I tell you 100 hours or anything. What i can tell you is, it can happen that i start with track in 2005 for sake of conversation, and finalize it after 5, 6, 7 years. I think that my way of making and composing music doesn’t follow modern standards and also I’m not able to fulfill deadlines for instance. Maybe that’s why I have no that many releases :)”
5- Psytrance artists have influences from other musical genres. What inspires you outside the electronic universe? What other art forms are part of your creative process?
A: “Everything can trigger my brain towards ideas for track. Literally anything. Once I had a “brainstorm” idea from navigation in my car. Guess what? Still unfinished track. When it strikes me, I just need to “write down”, development comes by the time."
6- When you put the headphones on or in the car, which artist / set / song do you listen to the most?
A: “My musical background comes from various kinds of music. I listen to everything I consider as good music. If this can make answer easier, at this moment I have on my phone Zibra, The Chemical Brothers, Alestorm, Cyantist, LMNC, Hurts, Utilizer, Hoogshagenii, Vitalic, Iron Maiden, Nightwish, Gesaffelstein, The Prodigy, Abakus, The Weeknd, MWNN, and some demos from artist fellows etc...so it looks like pretty much everything. :)”
7- From contracts with artists, producers, organizers and others, there are always some who become important, friends or mentors, would you like to mention some?
A: “No, because I don’t wanna put myself in position to separate anyone from each important part of my journey, otherwise I would need hours to explain who is who and why. Also, people tend to get pretty much the wrong impressum as a realistic situation, and mentioning some promoters by excluding others, could be easily misinterpreted. I believe that content on my pages, profiles, portals and webs, speaks itself.”
8- When you are on stage, what are the emotions and thoughts that you have most present?
A: “First of all, I must say, that moment is the best party of every journey and basically I subordinate everything to this. Sometimes, it can be a really hard time, but luckily it’s pure fun mostly. Feelings and emotions are two way street, so that’s normal. However, and speaking for myself, I never felt, more intensive and huge energy exchange, like when I’m on stage interacting and, I will freely say, flirting with the crowd. Would be best if the budget allows for central stage constructions, so you can be in the middle of the “sea” that carries you away. I could say planty stuff on this subject, but that’s completely another type of interview :)”
9- If you could choose anywhere in the world to play, where would it be?
A: “Beautiful nature and a great sound system is my place to be, anywhere in the world. But for sake of this conversation I’ll name just any location under Aurora Borealis!”
10- Do you have any next step planned for your project? What's next?
A: “Releasing Goasia album with my project partner Balint Tihamer, publishing some Opsy and Kanc Cover singles, complete some experimental projects that I’ve tried to see how it will works and continue working on some music which has nothing to do with trance scene in general.”
11- Do you have many tracks that you have never released? Can you tell us the main reason?
A: “No I don’t have it. Most of the tracks are out there. i only have a lot of unfinished ones, and reason is… well, they are unfinished 😛
12- Do you have any routine / ritual right before a performance?
A: “Dear performers, this is your music speaking. please remain with seatbelt on cause stage fear can occurs at any moment”, is a sentence that runs through my mind almost every time I step on stage. So, breathe in, breathe out and go! :D”
13- Do you have any tips for new producers just starting out?
A: “If you are too anxious, do something else 🙂 Kidding...or not HA! 😀 Seriously, it doesn’t seem as nice as it looks. Prepare tons of nerves and money to spend and enjoy the ride 😉 ...and of course, appreciate what you are doing super strong, in order to be appreciated by others out there.”
14- Would you like to collaborate with any artist in particular? Who and why?
A: “I collaborate with artists I like to. Not the time nor moment allows you to collab with everyone from your “list”. But it’s enough for me to get to know some of them and have good chat. that’s also collab for my soul which is also super important :D”
15- Thank you for joining us in this interview, do you want to leave a few words to the Portuguese psytrance community before we finish?
A: “Thank you so much for having me on your mind for this pleasant chat. I truly enjoyed it. I will use this opportunity to thanks a lot to Portugese raves, for respecting and cherish root of psytrance, Goa Trance, at very mature and impressive level. Thank you for that <3”
Interview for Ana Filipa Santos
Foto Magu Sumita