1 – Como entrou a música na tua vida?
A música tem sido uma grande parte da minha vida desde cedo. Eu cresci a ter aulas de piano e depois mudei para o baixo, a tocar com um grupo de amigos com os quais ainda hoje toco semanalmente. Sou sortudo por conhecer tantos músicos de todos os diferentes tipos, desde instrumentistas até músicos eletrónicos. Alguns dos meus maiores amigos de infância estão agora também em tour profissional como parte de uma banda ou por contra própria como produtores.
Eu também estudei música na universidade, com foco em música experimental e do mundo (Africana, Sul Indiana, Coreana, Indonesa e mais), ambas com excelente programação na minha escola.
2– Como começaste a produzir música eletrónica?
Quando estava na universidade fiz uns quantos amigos que estavam a fazer música eletrónica no Ableton Live e no Reason. Eles faziam IDM e música experimental nas quais eu não estava muito interessado, mas eles foram capazes de me mostrar como usar uma DAW para fazer uma batida e sons e a partir daí comecei a fazer a minha própria música. Um grande amigos meu também estava interessado em fazer psytrance, por isso começamos os dois a produzir juntos como Unwashed Tomato. Muitas vezes iamos para os estúdios da escola depois de toda a gente ter saído ao fim do dia e ficavamos a fazer psytrance toda a noite, e íamos embora antes do professor chegar de manhã.
3 – Onde encontras inspiração para criar novas músicas?
Ao longo dos anos desenvolvi várias técnicas para elaborar a música, e eu adoro utilizar bastante randomização, para que a partir desses processos as faixas comecem a surgir. Normalmente eu tenho uma ideia sobre em que direção hei de levar a faixa, mas eu gosto de deixá-la desenvolver-se de experimentação em vez de chegar com um pensamento ou plano especifíco.
4– Como surgiu o projecto Kabayun?
Depois de trabalhar com o Andy como Unwashed Tomato durante alguns anos durante a escola, nós começamos a ir em direções diferente com o Andy a direcionar-se para o high-tech and bpms mais elevados e comigo a querer-me focar no espetro dos 147-155 – portanto comecei a produzir por minha conta e o projecto Kabayun nasceu.
5– Quando foi lançada a tua primeira faixa?
O primeiro lançamento de Kabayun foi em 2008, mas o meu primeiro lançamento de psytrance foi como Unwashed Tomato em 2006.
6- Os artistas de psytrance têm muitas influências de outros géneros musicais. O que te inspira fora da música eletrónica? Que outras formas de arte fazem parte do teu processo criativo?
Tenho a sorte de ter uma artista muito talentosa como parceira, e nós temos um estúdio poartilhado em nossa cada, com um lado da sala com o meu equipamento e o a sua área de pintura do outro. Portanto, normalmente, enquanto eu estou a fazer música ela está atrás de mim a pinta, e assim estamos a criar separadamente mas ao mesmo tempo juntos, e isto motiva-me e encoraja-me sempre que olho para trás e a vejo a trabalhar na sua arte e eu na minha.
7- Quem são as tuas influências musicais?
As minhas influências originais no psytrance eram Yab Yum, Pondscum, Orestis, os primeiros artistas da Parvati — Hoje em dia não me sinto muito influenciado por outros artistas de psytrance assim tanto, e em casa não ouço assim tão regularmente, prefiro ouvir todos os tipos de música incluindo chillout, rock, funk e muito mais.
8- Qual foi a atuação que mais te marcou, uma que nunca te esquecerás?
Este verão tive o prazer de tocar na sequência de abertura do MoDem, tocando o segundo set do festival, depois de um set de dark prog. Portanto quando a minha música entrou o nível de energia saltou um bom pedaço. Assim que o primeiro kick e notas do baixo entrar, o dance enlouqueceu por completo, os cabelos no meu pescoço levantaram-se logo e senti arrepios pelos braços, foi como se eletricidade surgisse por entre mim e a a multidão. Foi um sentimento maravilhose que nunca hei de esquecer.
9- O que gostas mais em festivais?
Para mim a coisa mais especial nos festivais psicadélicos não é a música (que como é óbvio é fantástica) mas sim as pessoas. É simplesmente espetacular ver pessoas de todo o mundo reunidas a partilhar as suas experiências e a unirem-se no dance floor. Eu sei que pode parecer um bocado clichê mas é realmente algo especial que não se vê noutros estilos de música e é uma das coisas favoritas na nossa cena. Na verdade o meu último lançamento é dedicado a todos os nómadas globais que fazem a nossa cena como ela é.
11- Onde vão ser as tuas próximas atuações?
Próxima atuação é a Emotions da Space Music Drops em Portugal, depois vou atuar no Psychedelic flux V na Suiça, e na passagem de ano em Nova Iorque na Midnight Madness.
12- E acerca das tuas novas faixas, podes revelar algo?
Tenho um novo Ep que foi lançado dia 5 na Sangoma Records. O nome do EP é Nomads, com 4 faixas que mostram o meu lado mais noturno. Eu tenho gasto imenso tempo a trabalhar nestas faixas durante o último ano e tenho testado nos festivais de verão e depois redefenindo ainda mais no estúdio. Montes de atmosferas profundas e leads e feitos retorcidos, estas faixas são para meio da noite, e são dedicadas para todos os nómadas psicadélicos à volta do mundo.I
Também em 2017 vou lançar um album completo Kabayun and Friends com alguns dos meus artistas favoritos incluindo Dsompa, Muscaria, Antonymous, Yab Yum, Mark Day, Farebi Jalebi, Vertical, Witchcraft, Delytic e Confo.
13- Quais as expectativas para a atuação em Portugal?
Bem, eu tenho ouvido coisas maravilhosas sobre a Space Music Drops de amigos que já atuaram para eles antes, por isso eu sei que vai ser uma ótima produção. E sei da minha experiência no Boom que os portugueses sabem sem dúvida como festejar, por isso eu sei que esta vai ser uma noite muito especial! Também estou ansioso para partilhar o palco com o meu grande amigo e frequente colaborador, Drip Drop/Ridden, com o nosso projecto KabaDrop.
14– O que costumas fazer quando não estás a atuar ou a viajar?
Nestes dias tenho trabalhado apenas no meu estúdio e na montagem do meu sintetizador modular, mas no meu tempo livre gosto de escalada, kayak e surf e espero ter mais tempo ao ar livre em 2017.
15- Vamos finalizar a entrevista, alguma mensagem que queiras deixar aos teus fãs portugueses?
Quero apenas agradecer a toda a gente que apoia a minha música e especialmente a todos os que me contactaram em avanço antes da próxima festa, sinto-me honrado pela vossa apreciação e o vosso apoio é o que me mantém motivado para continuar e fazer cada vez melhor música. Para todos os que estiverem na Emotions, tenho preparado um novo live set especial e vou estrear alguma novas faixas e um novo setup com algum equipamento modular. Este set é para todos vocês e mal posso esperar para partilhar esse momento com vocês este fim de semana! Vemo-nos em breve!
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