
1 - Como a música chegou à tua vida?
Chegou naturalmente. Tenho dois irmãos mais velhos e lembro-me de ter 8 anos e já ser fã de bandas como Guns N´Roses, Metallica, AC/DC, etc, um pouco por influência do que eles ouviam e gostavam na altura.
2- Qual foi a festa em que te estreaste como DJ ?
Foi uma festa em Novembro de 1999 que houve na minha zona, Carnaxide. Foi organizada por uma associação de estudantes, o tema era a luta contra a sida e as sonoridades foram entre o house e o techno. Eu toquei um set de techno em vinyl.
3 - Como foi o início da tua carreira?
Comprei os meus primeiros pratos quando tinha 14 / 15 anos, portanto há cerca de 18 anos atrás. Na altura ouvia bastante hip hop e queria mixar e fazer uns scratches. Comprei uns vinis e pronto, iniciei-me como dj.
4 - Como começaste a produzir música electrónica?
Acho que foi uma evolução natural. Eu era dj mas comecei a querer algo mais do que tocar músicas feitas por outros produtores.
Era bom ver as pessoas a dançar ao ritmo das músicas que eu estava a misturar mas sabia que teria mais significado para mim e sentir-me-ia mais realizado se o trabalho fosse 100% meu e se as pessoas estivessem a dançar ao som de música totalmente feita por mim. Para além disso, havia normalmente algumas partes das músicas que não gostava muito enquanto que, ao produzir as minhas próprias faixas, ia poder tocar e dar ao público músicas 100% ao meu gosto, desde o inicio ao fim.
5 - De onde tiras inspiração para criar novas músicas?
Acho que não posso dizer que tenho uma ou outra fonte certa. Posso sim dizer que tiro inspiração de tudo o que me rodeia.Como a natureza e locais bonitos, o silêncio e os momentos introspectivos em que estou sozinho, as pessoas com quem convivo, toda a música que oiço, o desporto que pratico, as viagens que faço, alguma boa série ou filme que veja, alguma experiencia nova que tenha, etc.Acho que todo o meu dia a dia acaba por me inspirar um pouco. Desde que sejam momentos positivos, agradáveis ou boas experiências, funcionam sempre como inspiração.
6 - Como surgiu o projecto MYRAH?
Surgiu um pouco como já referi atrás. Iniciei-me a tocar hip-hop em vinyl mas rapidamente me comecei a virar para a música electrónica, talvez em 1998, momento em que comprei os primeiros discos de techno e house. Ainda fui dj destes estilos de música por alguns anos, durante os quais toquei em algumas festas. Em 2001 fui à minha primeira festa de trance,Goa Gil na herdade do Zambujal, e a partir daí este estilo músical começou a estar também presente no meu dia a dia.
Comprei uns vinis de trance, Astral Projection, GMS, entre outros, e comecei a misturar também este género. Por esta altura já brincava com uns programas de produção, Fast Tracker II e depois Fruity Loops, onde fazia umas faixas e uns loops de techno e, se não estou em erro, em 2004 comecei no Reason a fazer as minhas primeiras produções de trance, mas ainda muito na brincadeira.
7 - Quando foi o teu primeiro lançamento?
Foi em 2008. A faixa chama-se "Into the Future" e saíu num VA da Fractal Species chamada Green Trippin Camp - "The Rise of Atlantis". Este VA foi lançado pelos organizadores do festival Green Trippin Camp, que acontecia todos os anos em S. Miguel, Açores, num sitio lindíssimo, a lagoa das Sete Cidades. O VA foi feito com músicas de produtores que foram lá tocar nesse ano e eu fui um deles.
8 - Os artistas do psy trance possuem influências de outros gêneros musicais. O que te inspira fora do universo electrónico? Que outras formas de arte fazem parte do teu processo criativo?
Seja no meu projecto matinal, nocturno ( Orianis), no meu projecto de Chill Out ou em Expression, para mim a melodia tem de estar sempre presente. Portanto o que me inspira nesse sentido são bandas, grupos, artistas, etc, que tenham boas melodias, bonitas, que fiquem no ouvido, que "toquem cá dentro", com as quais me identifique. Gosto especialmente de ouvir artistas que toquem viola ou piano, são dois instrumentos que possuem uma sonoridade que adoro e que, quando tocam melodias com as quais em identifico, acabam por me influenciar ou inspirar também.
9 - Quem são as tuas influências na música?
Posso dizer que quando comecei a produzir "mais a sério", as minhas influências eram talvez Vibe Tribe, Bizarre Contact,Stereomatic, Electro Sun, Sesto Sento, Gms, Ultravoice, Phanatic, e por aí...Hoje em dia não me guio por ninguém, faço a música de acordo com o meu estilo próprio, com aquilo que gosto de produzir e com o que está a fluir na altura.
10 - Qual foi a actuação que mais te marcou?
No meio de tantas é difícil seleccionar só uma. Várias foram especiais, seja por um motivo ou por outro. As actuações lá fora, quando correm bem, ficam sempre na memória pelos bons motivos mas talvez o Freedom 2013, por ser o meu primeiro grande festival, e em que a pista era enorme e estava completamente cheia, tenha sido uma das que mais me marcou.
11 - O que mantém vivo o teu amor pela música electrónica? O que tu mais gostas nas festas/festivais?
É difícil apontar concretamente uma coisa que o mantenha vivo mas que é um amor muito grande, é! As pessoas deste meio,a própria música em si e os sentimentos que ela transmite, os eventos, enfim, tudo contribui para isso. Posso dizer que oiço bem mais música electrónica do que outros tipos de música e isto é sinal de que esse amor está bem vivo! Já há muitos anos que assim é e acho que assim vai continuar a ser.Numa festa / festival adoro o convívio com as pessoas, o espírito livre que por lá se vive, único e característico desses momentos, e o contacto com a natureza. Cada vez gosto mais de estar em festas ao ar livre, rodeado de lindas paisagens.Gosto também de apreciar e me divertir ao som de boa música e de rever amigos e pessoas que só encontro nestes eventos.
12 - Onde serão as tuas próximas actuações?
Dia 28 de Maio vou estar no Subsolo, em Ovar, e no dia 3 de Junho no Beat, no Barreiro.
13 - Quais são as novidades em relação a novos lançamentos?
Estou a trabalhar nos detalhes finais de um EP que há-de sair muito em breve. Será composto, em princípio, por 4 faixas e será lançado pela editora BioMechanix do México. Para além disso está para sair a qualquer momento uma faixa minha numa VA da Nakshatra e vai sair outra em breve numa VA da Woorpz.
14 - Nos últimos anos o psy trance tem vindo a crescer em Portugal, o número de festas/festivais e novos artistas aumentam a "cada dia". Na tua visão, esta nossa caminhada está no ritmo certo ou existe algo que poderíamos estar a fazer mais pelo crescimento da cena?
Este crescimento tem aspectos positivos e aspectos negativos. Temos de nos consciencializar que o trance já não é o estilo de música underground, restrito e conhecido por pouca gente, como era há uns bons anos atrás. Mas isto não precisa de ser visto propriamente com um problema. Se cada um de nós for fiel a si, aos seus princípios e valores, for respeitador em relação a si, ao próximo e ao que o rodeia, e se cada um souber tirar do trance aquilo que mais lhe agrada para trazer algo de positivo para a sua vida, que o complemente, preencha, ou lhe faça bem, acho que tudo pode correr bem.Há bastantes produtores de trance e organizadores de eventos, é verdade. Mas neste momento talvez haja mercado para todos. Quando não há, o próprio mercado se encarrega automaticamente de "eliminar" alguns, que acabam por desaparecer no meio da "concorrência". Tenho visto isto muito a acontecer, organizadoras que aparecem e desaparecem. Acaba por haver uma selecção natural, penso eu.
15 - Quais são os teus hobbies quando não estás a produzir música ou a viajar?
Adoro passear no meio da natureza, poder desfrutar dela e do que mais bonito tem para oferecer. Gosto também de praticar desporto. Sou totalmente viciado em caça-submarina, é uma paixão gigante. O fundo do mar é um desafio enorme e ao mesmo tempo um mundo lindo e tranquilizante que me faz sentir bem. Também jogo futebol algumas vezes por semana.
16- Vamos finalizar com uma mensagem para os teus fãs/seguidores.
Quero agradecer todo o apoio, todo o carinho que sempre demonstraram por mim. São espectaculares e uma das razões principais pela qual faço música. Nunca me canso de agradecer pois acho que é graças a eles, ao feedback, às mensagens,aos mails, às palavras, aos sorrisos de quem dança ou salta no dancefloor, que sempre tive força e incentivo para continuar com o meu projecto e a fazer música, mesmo nas piores alturas. São o meu pilar e a minha motivação para continuar a trabalhar e a evoluir.
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