1 – De que maneira entrou a música na tua vida?
German: Quando descrobri que eu era capaz de fazer as minhas próprias faixas num computador. Isto em 1995. O tempo passa muito rápido.
Nanuk: A música sempre esteve lá, mas passados os anos apoderou-se mais e mais da minha vida, primeiro como dj de hard-trance e depois de algum tempo eu descobri o goa e o psytrance. Alguns anos depois juntei-me com o meu parceiro German que me introduziu ao mundo da produção.
2 –Qual foi a festa em que te estreaste com DJ?
G: Sinceramente não me lembro do meu primeiro dj set. Mas lembro-me do meu primeiro Live. Foi numa festa numa quinta, perto da minha cidade natal, na verdade. Absolum tocou nesta festa, tal como o meu parceiro dos Ex-Gen, Nanuk. Uma das melhores festas de que me consigo lembrar. Muitos amigos meus que estavam na festa também se lembram, e foi em 2004 ou 2005, há algum tempo portanto.
N: Num evento grande, provavelmente a primeira foi em 99, nós éramos jovens e selvagens, 600 pessoas numa paisagem vazia e lamacenta, nem quisémos saber de bar. Portanto imaginem o quão em modo rave estávamos.
3 – Como foi o início da tua carreira?
G: Lento, tenho que dizer. Naquela altura, nós não tinhamos todo o conhecimento que temos hoje em dia. Portanto, a aprendizagem foi mais demorada. Os computadores nos anos 90 não eram tão poderosos como agora e o software muito menos. Precisavas de equipamento externo para fazer música profissional e isso era muito caro. A internet estava no inicio e não haviam redes sociais para fazer promoção, a tua única maneira de lançar a música era assinar com uma label. Portanto, eu lembro-me de tudo mais dificil que hoje em dia. Em 2016, toda a gente pode ter uma label e lançar as suas próprias faixas no Beatport.
N: Dificil mas saboroso. Tive a sorte de começar a produzir com a ajuda do meu parceiro. Ele já tinha bastante conhecimento para trazer para o projecto e as coisas eram sempre mais ou menos divertidas e o tempo que gastavamos no estúdio era espetacular. Mas ao mesmo tempo foi algo dificil, estavamos a fazer outro tipo de música e não tinhamos escolhido bem com quem deviamos trabalhar. Portanto fomos enganados e uma das nossas faixas foi roubada mesmo no inicio do projecto, em vez de irmos abaixo decidimos continuar a puxar as barreiras e ir um bocado mais duro no som que foi o que nos trouxe aonde estamos agora. Graças a deus algumas faixas depois fomos guiados e tivemos a ajuda do Christof Absolum, o que nos deu uma ideia mais clara sobre o nosso som e o caminho que fazemos hoje em dia.
4 – Como começaste a produzir música eletrónica?
G: Comecei num PC 386 com um cpu da AMD. Usava o Fasttracker, um software muito conhecido para fazer música, mas não profissional como o Cubase. Não precisas de muito para começar a fazer faixas.
N: Depois de conhecer o German, sortudo que sou, tive a oportunidade de começar a aprender e a trabalhar diretamente no Cubase e no Logic, e recentemente com o Ableton.
5 – Onde encontras inspiração para criar novas músicas?
G: Muitas vezes não estou disposto a esperar pela inspiração para começar uma faixa. Quando és profissional precisas de ir para o estúdio e começar a trabalhar e tudo virá. O melhor para estar inspirado é não pensar sobre isso, poder pagar a renda também ajuda, muito… hehehehe
N: Mais do que inspiração, talvez seja apenas o tempo e a energia para ir para o estúdio mas há sempre algumas vozes ou alguns sons ou alguma coisa que tens sempre na cabeça ou que já tenhas gravada porque sabes que tem potencial. Às vezes funciona, às vezes não. Mas eu acho que não podes esperar até que os anjos cantém aos teus ouvidos as notas da tua próxima melodia, é melhor estar no estúdio a trabalhar, hehe.
6 – Como surgiu o projecto Ex-Gen?
G: Bem, cresceu mais do que o que eu esperava pessoalmente. Nós não estamos a fazer música mais fácil para os psytrancers, mas no final ser um pouco diferente dá-te uma chance. Apesar da cena ser exigente nunca nos importamos muito com isso. Nós simplesmente fazemos música que queremos fazer e acho que as pessoas julgam isto positivamente também.
N: As an idea of a extreme and intense sound, it comes as a nick for the name: Extreme Genetics (Ex-Gen) we were friends trying to have fun and make some noise while we dreamed about release in our favorite labels. After some time we reached some of our dreams, but sky its too big, so still there are a lot we want to do, see, conquer, and enjoy.
7 – Quando foi lançada a tua primeira faixa?
G: Em 2000 acho eu. A sensação de teres o teu primeiro CD ou vinil nas tuas mãos, é uma das melhores memórias da minha vida.
N: Em 2008, primeiro uma colaboração com o German como Aum Project & Nanuk chamada “Walking the line” na Evil Rec e alguns meses depois uma das nossas faixas favoritas e a primeira de uma longa lista de colaborações com o Absolum como Ex-Gen. Foi a nossa apresentação na 3D Vision, "High In Chicago" incluida no Sharp V.A.
8 –Os artistas do psy trance possuem influências de outros gêneros musicais. O que te inspira fora do universo electrónico? Que outras formas de arte fazem parte do teu processo criativo?
G: Bem, eu gosto de qualquer género de música eletrónica. Mas não retiro muita inspiração dessa música para fazer psytrance. Posso ter boas ideias ao ouvir outros géneros eletrónicos e adaptar essa ideias para o psytrance.
N: Eu adoro todos os tipos de música e provavelmente é esse o background que levo para o estúdio quando a produção começa. Todos somos feitos de pequenos pedaços e parte do que ouvimos, vemos, sentimos, lemos, vivemos e este puzzle é o núcleo do que uma pessoa consegue expressar quando cria qualquer tipo de arte.
9 - Quem são suas influências na música ?
G: Provavelmente todos os artistas que eu gosto me influenciam de uma maneira ou de outra. Falando do psytrance, todos os artistas da 3D Vision no passado como
Absolum, Nomad, CPU, Lost & Found ou Outer Signal são a base de Ex-Gen. Toda a música rave dos anos 90 também me influenciou, bastante… hehehe
N: Eu adoro techno, e provavelmente todo a música à minha volta. Eu não me importo de todo com género ou bpms, eu amo música, especialmente quando é estranha e tem alguma alma em si. Sabem, quando gostas de alguma coisa porque consegues senti-lo. Para nomear alguns The Knife, Royksopp, Dance with the dead, M83, iamamiwhoami, Coco Rosie, Orbital. Mas no psytrance provavelmente as principais inspirações são o nosso amigo e boss Absolum, o superr talentoso Lost & Found, também G.M.S (as coisas antigas eram tão boas), Outer Signal, Space Tribe, Juno Reactor, Wizzy Noise
10 – Qual foi a atuação que mais te marcou, uma que nunca te esquecerás?
G: Aquela festa na quinta que mencionei antes. Mas tivemos um monte de outras festas espetaculares aí em Portugal, seria muito dificil escolher apenas uma!
N: Há algumas, eu acho que com o passar dos anos tens a oportunidade de apreciar diferente locais nas alturas certas com a audência em conjunto com as melhores versões de nós e da nossa música, mas pessoalmente nunca irei esquecer algumas outdoors em portugal com o Khopat, foram bem mais que divertidas. No México tive experiências magnifícas no Time & Space Festival, mas tenho sempre na minha mente as festas pequenas mas selvagens que tive em Villahermosa, e gravarei sempre no meu coração um noite quente e espetacular que amei tocar num club em Osaka (Japão).
11 – O que te mantém apaixonado pela música eletrónica?
G: A música eletrónica é uma parte de mim. Não consigo imaginar a minha vida sem ouvir música eletrónica. Desde que sou criança que me sinto muito atraído por esta música. Ainda que haja outros estilosw de música, a eletrónica é como se fosse o meu pai ou a minha mãe.
N: Muito velho para mudar… ou talvez seja o maior amor verdadeiro que já tive. A música ajuda-me e faz parte de mim desde sempre, mesmo quando estás em baixo, desapontado, triste ou a tua namorada te deixa a música continua a puxar-te para fazer melhor e continuar a caminhar e respirar.
12 – O que gostas mais em festivais?
G: De atuar. Não há dúvida. Eu nasci para atuar em vez de dançar no dancefloor….
N: Eu amo tocar, e tocar e tocar, tenho uma espécie de fobia de estar no meio de uma grande multidão, mas ao mesmo tempo adoro estar em frente a eles a tocar a nossa música, nessa altura não me preocupo com nada, portanto sou definitavamente um gajo do palco e não um “party animal”
13 – Onde vão ser as tuas próximas atuações?
G: Vamos ter algumas atuações em Portugal em 2017, algumas em Espanha. Talvez México outra vez… Espero que sejam muitas!
N: Portugal para começar este ano, somos também parte da equipa da apresentação do Connection em Barcelon. Estaremos no sul de Espanha a tocar também, e acabei de voltar do México, mas já estamos a marcar as nossas datas para 2017 lá.
14 – E acerca das tuas novas faixas, podes revelar algo?
G: Bem, estamos a trabalhar em alguma faixas com muito bons artistas. Portanto eu acho que vão haver faixas muito boas em breve.
N: Estamos a cozinhar novas coisas neste momento, esperem uma nova e bombástica colaboração com Brainwash, outras com Absolum ou X-Side, um novo ep que estamos a preparar para um label que será revelado em breve, e nos próximos meses sairá a nossa última faixa "Hi-Tech Alien Technology" na Lysergic Records
15 - Quais as expectativas para a atuação em Portugal?
G: Eu espero trazer ao pessoal um bom live set e fazê-las dançar. Espero sempre o melhor de Portugal. As pessoas aí são espetaculares.
N: Portugal nunca me desapontou e é sempre caloroso e excitante. O povo Lusitânio sabe mesmo como se divertir e aproveitar uma festa e quando dás o teu melhor ele retribui com as suas melhores energias. Portugal, a capital do psytrance na Europa, esperem o inesperado, hehe
16– O que costumas fazer quando não estás a atuar ou a viajar?
G: Trabalhar no estúdio… hehehe. Quando não estou no estúdio, passo tempo com os meus amigos, a minha namorada, família, etc…. No geral, eu gosto de coisas bastante normais. Nada estranho de todo. Não sou o tipo de artista que tem hobbies estranhos ou que se passem em festas.
N: Música, Djing, adoro Animes, Cinema, Livros, Artes, Videojogos, passear com o meu cão, ou simplesmente ser preguiçoso e fumar, portanto há sempre algo interessante.
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