
1- Como a música chegou à tua vida?
R: Desde muito nova que sempre vivi rodeada de música. O meu pai foi DJ e locutor de rádio durante muitos anos e eu lembro-me de sair da escola, ir para casa da minha avó e ouvir o programa do meu pai. Ouvia com atenção todas as músicas que ele passava, e todos os discos e cassetes que tínhamos em casa, e desde bastante nova sabia o nome de muitas bandas e músicas dos anos 50 até aos anos 80. Lembro-me que começou um programa de rádio na altura em Évora, a minha cidade natal, que dava a oportunidade de ligarmos para lá e pedir a música que queríamos, e eu ligava para lá todos os dias! As minhas colegas da escola até me davam listas das músicas que gostavam que eu pedisse porque elas não tinham coragem de ligar para o programa ahahaha
A minha mãe também foi uma grande influência nos meus gostos musicais, ouvia muito com ela The Doors, Janis Joplin, Bob Marley, Dire Straits, The Cure, etc…
2- Qual foi a festa em que te estreaste como DJ?
R: Antes de ser dj de trance já tinha começado a tocar em dois clubs em Lisboa, o Tocsin e o Disorder, onde tocava rock, metal , 80´s music, punk, etc, por isso a experiência começou um pouco por aí. Depois comecei a mixar trance psicadélico numa festa pequena, de amigos, na zona de Bucelas em 2003. Apesar de ser uma festa de amigos e intima, estava super nervosa e a tremer por todos os lados, coisa que ainda hoje sinto, e especialmente em festas pequenas, onde estão todos os meus amigos. Acho que quer seja algo pequeno para 20 ou 50 pessoas, ou algo enorme para 10.000 pessoas uma pessoa tem sempre que dar o melhor de si, e quando deixamos de sentir esse nervosismo e ansiedade é porque o que estás a fazer já não significa nada.
3- Como foi o início da tua carreira?
R: Depois dessa primeira festa em 2003 tudo se foi desenrolando muito devagar, porque eu própria quando toquei essa primeira vez foi numa de brincadeira, e nem pensei que isso iria continuar e chegar até onde chegou hoje, então tudo se desenrolou aos poucos. Tenho bastante a agradecer ao Pedro (R.I.P), ao Dj Fritz que também me deram bastantes luzes em alguns aspectos na técnica de mixar, e ao meu pai, que me deixava ir para a discoteca dele á tarde treinar nos cdj, quando não estava ninguém ehehe
Depois disso começaram a surgir os convites aos poucos, pois na altura também a própria promoção não era como é hoje, não havia o facebook, nem o soundcloud, nem todas essas ferramentas de redes sociais que ajudam muitos dos artistas a se apresentarem e a se promoverem, e os djs iam sendo conhecido aos poucos. Penso que agora é muito mais fácil para um artista se promover e dar a conhecer o seu trabalho, e há muita mais “facilidade” em questões de aprendizagem, apesar de muitos djs, hoje em dia, começarem a actuar e a tocar bastante sem saberem as coisas básicas do que é ser dj, mas adiante. Comecei a tocar em Lisboa, no antigo Link e Club Lua (onde depois também comecei a fazer pequenos eventos), em algumas festas pequenas outdoor na zona de Lisboa, e depois começaram a surgir os bookings fora dessa zona. A minha primeira festa fora de Lisboa lembro-me que foi na Covilhã e a segunda foi na zona do Algarve, e assim foi rolando. Comecei a tocar para festas de produtoras grandes, na altura era a Quest4Goa (a quem eu tenho bastante que agradecer por todo o carinho e apoio!) Synergic Minds, Genetic Dreams, Psyart… Até que tenho o meu primeiro convite para tocar fora de Portugal, que foi na Grécia, e acho que foi aí que comecei mesmo a sentir que isto estava mesmo a acontecer e que realmente eu estava ali a criar algo que poderia ter um futuro.
4- Quem são as tuas influências na música?
R: Tenho bastantes…Antes de ouvir música electrónica ouvia bastante rock, punk e metal e as minhas primeiras influências vêm daí. Depois comecei a entrar na onda mais electrónica, Daft Punk, Aphex Twin, Chemical Brothers, Fatboy Slim, The Prodigy, Massive Attack ,etc.
Na área do trance psicadélico e do downtempo são bastantes mesmo, Infected Mushroom, Hallucinogen, Koxbox, Etnica, Cosma, Psysex, Hux Flux, ManMadeMan, Space Tribe, Eat Static, Astral Projection, 1200 Mics, Astrix, GMS, Absolum, Fungus Funk, Shift, Twisted System, Menog, Digital Talk, Bliss, Shpongle,Younger Brother, Vibrasphere … pff ficava aqui um dia inteiro a escrever nomes mesmo…
5- Qual foi a actuação que mais te marcou?
R: Pergunta difícil… Todas as actuações têm um significado bastante importante no meu coração e na minha memória, e vou sempre recordar todas, ou quase todas, com um carinho e alegria enorme, mas para nomear apenas uma, terei que dizer a minha primeira festa na África do Sul, na minha primeira tour lá em 2011. Foi sem dúvida uma das melhores e mais intensas experiências da minha vida até agora, por tudo, por estar em tour durante 1 mês pela primeira vez num país tão longe de casa, sozinha, sem saber o que esperar . Mais longe disso, tinha estado no ano anterior na Costa Rica a tocar em 2 festas, em conjunto com Menog, Absolum e a dj Tâmiris, com quem formei também o projecto Tamigani, onde tocavamos em vs várias vezes. Essas duas também me marcaram bastante pois foi a primeira vez que saí para tocar fora da Europa, e iria lá ficar 10 dias, mas lá está, não viajei sozinha, estava com amigos. Mas a festa “The Vlllage- 5 years of Wandering Dreams” em Cape Town na África do Sul, foi mesmo uma das que me marcou mais. Nessa festa tiveram cerca de 5000 pessoas, se não estou em erro, toquei a seguir a Deliriant ,estava bastante calor, e a vibe das pessoas era algo maravilhoso, como quase todas as festas na África do Sul, e é sem dúvida dos países onde mais gostei de tocar até hoje e onde criei um pouco de “raízes” depois de 2 anos seguidos a ir lá.
6- Quais são os teus hobbies quando não estás a tocar ou a viajar?
R: Bom, ser Dj não é o meu trabalho principal eheheh Sou Professora de Português e Inglês, e dou aulas durante a semana, por isso fica muito complicado gerir todas as coisas que gosto de fazer. Além disso também tenho uma loja online de acessórios que é a “Birds of a Feather- Portugal”, onde trabalho em alguns festivais e feiras quando consigo; também faço traduções; tenho a Magnetika Female Artist Agency, em conjunto com a Nilza Gomes (Dj Tâmiris) onde somos Booking Managers de várias artistas femininas nacionais e internacionais; e faço pequenos eventos por vezes; por isso, como sou uma pessoa dos 7 oficios ahahaha, não me sobra muito tempo para fazer muita coisa que gostava de fazer mais vezes, tais como, pintar (especialmente Mandalas) relaxa-me imenso; adoro ler, escrever, adoro ver séries e filmes, cozinhar e descobrir pratos novos, estar com os amigos e a família, passear muuuito…
7- Vamos finalizar com uma mensagem para os teus fãs/seguidores
R: Obrigada por todo o carinho, apoio e amor transmitidos ao longo destes 13 anos. Obrigada por todas as criticas boas e más, é isso que faz um artista crescer e aprender, e a querer continuar por mais 13, ou até os ouvidos e as mãos deixarem. Continuem com o vosso amor pela música e por tudo aquilo que faz a vossa alma feliz. Muito amor
PUBLICIDADE