O Trance Vale o que Vale?
Todos temos assistido ao fenómeno da venda rápida dos bilhetes de Festivais de grande projecção mundial, e a preços que à partida não são acessíveis aos Trancers de certos países, considerados menos competitivos económicamente.
O Boom,o Modem entre outros, são exemplos de que os bilhetes voaram em poucos dias. Mas afinal o que se está a passar neste processo? Existe uma verdade por trás deste fenómeno? Ou várias interpretações?
No caso do Boom não quero entrar pelo facto de que para alguns embaixadores, uns foram tratados como filhos e outros como enteados como o velho ditado popular, além de outros bilhetes que foram ou serão oferecidos pela própria organização estratégicamente.
Mas 230€ é um bom preço? Ou os 200€ pelo Modem? Vale ou não vale?
Há quem diga que não, e há quem utilize a regra da minimização e divida o preço do bilhete pelos dias do Festival. Eu concordo com essa visão, de que realmente dividindo o preço pelos dias todos, torna a realidade mais justa. Mas ainda assim, o que leva as pessoas a esta corrida desenfreada para conseguir os bilhetes? Eu penso que, mesmo que seja por moda, status ou por ritual, o que as pessoas procuram é viver uma experiência única, e profunda, diferente do seu dia a dia.
Atualmente, as pessoas quando compram até o mais simples produto procuram uma experiência, uma sensação. Daí às vezes a nossa dificuldade em comprar um frasco de shampoo ou detergente de roupa, pois as carectrísticas são tantas além do simples “lavar”. A compra online já não é o futuro, mas sim o presente, as pessoas não têm tempo a perder, as pessoas querem viver a vida, as pessoas querem “Sentir”. E Assim se passa com os Festivais de Trance. Cada vez mais as pessoas vão à procura de sensações novas. Vão à procura de uma experiência profunda, que poderá variar de acordo com o que o Festival oferece.
Por isso se te identificas com vários palcos, concertos, galeria de artes, performances de vários tipos, e não te incomoda o calor e duras condições de campismo, além da distância entre as áreas dentro do festival, é natural gostes de ir ao Boom, que já tenhas o teu bilhete e que até não consideras que seja caro. Por outro lado se gostas de viajar, e de um tipo de som mais alternativo, mais forest, hightech, num clima mais ameno, e com vários espetaculos audiovisuais talvez prefiras o Modem, e acredito que essa viagem para a Croácia já esteja a ser tratada.
E ainda, se para ti o importante é um bom som na pista não importa quem esteja a tocar, boas condições de campismo, áreas próximas umas das outras e estar na companhia de amigos, para ti será com certeza melhor um Festival como o Transition em Espanha de menor dimensão, podes ou não ter já o teu bilhete pois eles não voam com tanta rapidez. Além disto tudo, tens também as festas privadas com os teus amigos, que são sem dúvida sempre boas escolhas..
O que quero dizer é que valorizamos as coisas/experiências, todos de maneiras diferentes, ou seja para cada um de nós uma coisa pode ter muito valor e para o outro nem tanto, tudo depende do nosso gosto,das nossas vivencias e da nossa expectativa em relação ao Festival. O que é bonito nos Festivais, é conseguir reunir um grande número de pessoas que tem tanto em comum, capaz gerar uma mega experiência enquanto público ativo, participante e de fazer passar uma boa mensagem do Festival. Por isso é bom haver diversidade na oferta dos Festivais quer nas características oferecidas quer na mensagem que se pretende transmitir, nunca descuidando da qualidade e do respeito pelo público. O meu conselho é: Se queres mesmo conseguir o teu bilhete a tempo e a horas, vai juntado dinheiro ao longo do ano, ou dois anos, como é o caso do Boom, do Freedom, e fica atento à venda online, hoje em dia a venda online tem vários meios de pagamento, mesmo para quem não tem cartâo de crédito. Não fiques de fora do teu ritual, escolhe a tua experiência e aproveita a vida. Sente cada minuto.
Texto de Nolla Darkita
Foto de Jakob Kolar