ARREPIOS MUSICAIS: PRAZERES CEREBRAIS
A maioria de nós experiencia arrepios maioritariamente devido a uma diminuição de temperatura. A contração do músculo pilomotor acontece na tentativa de produção de energia sob a forma calor, subindo assim a temperatura corporal. No entanto, a dado momento já nos deparamos com um arrepio quando ouvimos música. Qual a razão para isso acontecer?
Sabemos que para que uma atividade nos acompanhe ao longo da evolução, esta tem de apresentar uma vantagem evolutiva, caso contrário acaba por ser perdida. Quando falamos de música somos compelidos a dizer que se trata uma atividade especial, uma vez que apesar de não ser considerada necessária para a sobrevivência, tem acompanhado o ser humano desde muito cedo e é uma atividade comum a todas as culturas, independentemente da geografia.
Apesar de não ser considerada essencial, a música possui indiscutivelmente um papel importante na espécie humana. Particularmente, quando ouvimos uma música que gostamos, reparamos que o cérebro ativa os centros de recompensa comuns a atividades essenciais para sobreviver, como o sexo ou a comida. Parece-me então plausível hipotetizar que o cérebro é capaz de retirar algum tipo de recompensa intelectual ou prazer mental desta atividade, atuando como uma das razões pela qual se mantém até aos dias de hoje. Mas como é que essa recompensa realmente acontece?
Sabemos que o cérebro funciona 24 horas por dia e usa frequentemente modelos preditivos, prevendo tudo aquilo que o rodeia. Sabemos também que quando ouvimos música, o cérebro processa sons transformando-os numa série de padrões. Sempre que ouvimos uma música nova ativamos padrões musicais previamente guardados, que funcionam como modelos de memória musical. Dessa forma, a nossa máquina de predição tenta constantemente antecipar a recompensa que é suposto obter ao ouvir determinada música. Se aquilo que ouvimos “foge” do previsto pode ocorrer uma resposta de prazer intenso, podendo ser traduzida em arrepios ou lágrimas.
Se és uma das pessoas que se arrepiam, então vais gostar de saber que o teu cérebro funciona de forma especial. Basicamente, quando estás a ouvir música os teus centros de emoção, o canal auditivo e o sistema de recompensa são capazes de comunicar de forma mais intensa e aumentada em relação a pessoas que não obtêm picos de prazer ao ouvir música.
Mas não podemos esquecer que, apesar de cada um de nós experienciar música de forma única, de uma forma generalizada há uma sincronização de áreas cerebrais comum entre todos, sugerindo que a música é uma experiência universal e por isso mesmo tão especial.
Artigo de Dr.Horus
Foto de ZNA Gathering