A MÚSICA
Ainda que o dia Mundial da música tenha passado, não podemos deixar passar a data sem lhe darmos uma atenção especial. O dia 1 de Outubro foi instituído como dia mundial da Música a 1975 pelo Conselho Internacional de Música, fundada pela UNESCO, que contempla várias individualidades do mundo da música.
A música. Que une pessoas e nutre almas! Apesar de nunca se ter percebido bem quando é que esta atividade nasceu, sabemos que faz parte do nosso quotidiano desde a pré-história, quando ainda andávamos curvados, com cérebros anormalmente grandes e éramos “apenas” neandertais. E ainda que esta última frase possa parecer uma tentativa de apenas ter alguma piada, tem tanta veracidade e rigor quanto as restantes. De fato, o primeiro instrumento musical foi encontrado na Eslovénia com cerca de 67 000 anos de idade e está associado à cultura neandertal. Trata-se de uma pequena flauta com 4 furos feita a partir de osso e que se pensa representar quatro notas da escala diatónica. Mais flautas têm sido encontradas, assim como muitos outros instrumentos. O primeiro tambor feito com pele de elefante foi encontrado na Antártida com cerca de 37 000 anos, por exemplo. Há muitos mais.
A música trata-se de uma atividade culturalmente transversal. Suscita curiosidade não só a historiadores e cientistas, mas ao ser humano humano em geral. Não só por ter tido um papel importantíssimo na nossa evolução, como pelas inúmeras vantagens e benefícios para quem a produz e ouve. Não é novidade que a música melhora estados de humor, ajuda no desempenho desportivo (atividades moderadas), na concentração e descontração, melhora capacidades motoras e linguagem, etc. De fato, a música mexe connosco e pode trazer melhorias até nos nossos dias mais sombrios. Porém, está na hora de começarmos a perceber exatamente porquê.
Aos ainda mais curiosos aconselho a palestra dada por Jessica Grahn na TEDx Waterloo em 2013, acerca do efeito da música no nosso cérebro. Basicamente, esta neurocientista demonstra que mais que melodia, a música é feita essencialmente de ritmo. Para além disso, descreve que as áreas cerebrais ativadas quando ouvimos música não são apenas áreas de processamento de informação auditiva, mas surpreendentemente áreas motoras. Estas são as principais áreas afetadas em patologias onde há perda de mobilidade como AVCs, doenças neurodegenerativas e Parkinson. Não é de hoje que se sabe que a música pode ajudar estes pacientes. No entanto, o potencial terapêutico da música nunca recebeu grandes atenções. Até porque, os resultados dos estudos não são consistentes. Há pacientes que melhoram imenso quando ouvem música, outros nem por isso. E talvez, a grande razão para esta diferença acontecer se deva a cada um de nós possuir um cérebro único e que processa a música de forma muito particular. Isto é, a música que me faz dançar pode não ser a mesma que a vossa. E isto faz toda a diferença. Estudos mais recentes demonstram melhorias muito significativas quando usaram músicas escolhidas pelos pacientes. Cada vez mais temos de olhar para a música de forma única e especial, não nos tivesse ela acompanhado desde o ínicio.
Com todo o conhecimento que alcançamos, talvez esteja na hora de nos dedicarmos a fazer a diferença!
Music on the Brain: Jessica Grahn at TEDxWaterloo 2013
Artigo de Dr. Horus
Foto Boom Festival Oficial